O Instituto de Pesquisa da História da Luta de Libertação Nacional (IPHLLN) realizou, nos finais de Fevereiro do ano corrente, uma mesa-redonda com vista a aprimorar metodologias de pesquisa e troca de experiências com outras instituições que lidam com pesquisa em ciências sociais.
O IPHLLN, através do Departamento de Pesquisa e Divulgação, realizou, no passado dia 24 de Fevereiro, uma mesa-redonda sobre “Noções Metodológicas de Pesquisa da História”. O evento teve lugar no Centro de Interpretação em Homenagem aos Combatentes da Luta de Libertação Nacional, situado ao Largo da Praça dos Combatentes, na Cidade de Maputo.

No acto de abertura, o Director-Geral do IPHLLN, Bernardo Nakatembo, enunciou os objectivos do seminário, tendo referido que o evento visava o refrescamento dos técnicos em técnicas de pesquisa em ciências sociais, tratamento e divulgação dos conteúdos recolhidos na comunidade dos veteranos e dos combatentes da soberania e democracia, objecto das suas obrigações.
A mesa-redonda teve, dentre outros temas, as Metodologias de Pesquisa da História; Ética e Responsabilidade na Pesquisa; Fontes de Pesquisa da História; Desafios na Pesquisa da História da Luta de Libertação Nacional; Defesa da Soberania e da Democracia, Desafios no Mapeamento e Divulgação de Locais históricos; e Desafios na Mobilização de Fundos para o Financiamento de Pesquisas.


Observância rigorosa das técnicas
O Professor Doutor Carlos Mussa, o primeiro palestrante do evento, ao debruçar-se sobre as Metodologias de Pesquisas nas Ciências Socias, apoiou-se da sua historicidade. Explicou que em cada uma das disciplinas das ciências sociais tem o seu método adequado para a pesquisa, daí haver necessidade de melhor conhecimento para conseguir resultados desejados.
O professor alertou que a pesquisa social é um exercício sensível porque deve-se evitar entrar em campos, sob pena de se invadir em “território alheio” do indivíduo.
“A qualidade dos resultados da pesquisa científica, no ramo da história, depende do grau de observância rigorosa das metodologias de pesquisa”, disse o Professor Mussa.
O Professor Doutor Blaunde Patimane, filósofo e docente universitário, que tratou do tema “Ética e responsabilidade na pesquisa”, dissertou sobre a Ética do ponto de vista epistemológico. Na sua alocação, vincou que na pesquisa deve-se evitar a má conduta do investigador e o conflito de interesses.
O professor aconselhou, sobre a essa matéria de conflito de interesse, a necessidade de se preparar o campo para que a fonte de informação seja levada, voluntariamente, a dar a entrevista.
“Não se pode atribuir citações sem acordo comum e nem pode-se obrigar a fonte a falar. O mais ético é pedir autorização para identificar a fonte ao longo do trabalho”, recomendou o professor Blaunde.

Insegurança das fontes
Já a investigadora do IPHLLN, Clinarete Munguambe, falou sobre “As Fontes de Pesquisa da História e sua Complementaridade”.  Inspirando-se no seu tema de pesquisa para doutoramento, levantou as dificuldades, limitações e divergências das fontes. Partilhou a sua experiência no exercício da confrontação das informações dadas por diversas fontes, tendo em conta que algumas delas tendem a ocultar ou omitir informações, por razões de vária natureza, podendo ser individuais ou colectivas.
Calisto Baquete, o Chefe do Departamento de Pesquisa e Investigação, recorreu a experiência no campo de pesquisa da História da Luta de Libertação, da Defesa da Soberania e da Democracia, elencando exemplos de dificuldades que se traduziram em desafios na pesquisa.
Baquete apontou para as dificuldades que muitas das vezes são encontradas na recolha de depoimentos entre os veteranos e combatentes da soberania e democracia, apontando o silêncio como método de sonegação de informação de utilidade pública e, sobretudo, quando não são disponibilizados incentivos para tal.
Dr Ângelo Happi Joaquim, do Ministério da Cultura e Turismo, falou dos “Desafios no Mapeamento e Divulgação de Locais Históricos”. Partilhou a sua experiência na área de construção, restauro e valorização do património cultural, bem como dos métodos de promoção e divulgação do património cultural e turístico.
O último tema foi apresentado pelo Professor Doutor Paulino Ricardo da UNESCO, que desafiou as instituições de pesquisa, como o IPHLLN a dominarem e apropriarem-se dos convénios da UNESCO nos quais vão poder encontrar mecanismo e prazos para concorrer a aquisição de fundos para financiar a pesquisa.
Para o docente e Coordenador da UNESCO em Moçambique, muitos projectos são reprovados por causa da corrupção ou imprecisão das metodologias aplicados na solicitação dos financiamentos.
O Coordenador partilhou o calendário para a submissão dos projectos de financiamento e recomendou que as instituições interessadas em beneficiar dos fundos, através da UNESCO, devem consolidar os seus sectores de Planificação e Cooperação, por forma a dominarem as fontes de financiamento e os critérios acessos aos financiamentos.
No encerramento do evento, o Director-Geral do IPHLLN apelou aos técnicos de pesquisa do Instituto para, a partir desse seminário, partirem para o campo de pesquisa robustamente munidos de ferramentas que lhes vai permitir recolher depoimentos de qualidade às das técnicas e ética recomendas nas ciências. Nas circunstâncias, o Director-Geral declarou aberto o Ano Operacional de 2023.